OMS inclui vício em videogames na classificação de doenças

OMS inclui vício em videogames na classificação de doenças

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta segunda-feira (18) a 11ª edição do CID – sigla em inglês para a publicação que faz a classificação internacional de doenças.

A novidade é a inclusão do “distúrbio do jogo” como uma nova condição de saúde mental, um distúrbio que tem origem em um comportamento dependente.

A CID é a base para a identificação de tendências e estatísticas de saúde global. Ela define o padrão internacional para relatar doenças e condições de saúde, além de classificar diagnósticos para todos os fins clínicos e de pesquisa. A CID define o universo de doenças, distúrbios, lesões e outras condições de saúde relacionadas.

Quem propôs o novo diagnóstico para o órgão de decisão da OMS, a Assembleia Mundial da Saúde, foi o psiquiatra Vladimir Poznyak, membro do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS. Em entrevista à CNN, ele disse que a OMS está seguindo “as tendências e a evolução da sociedade”.

De acordo com Poznyak, a expectativa é que com a classificação da desordem do jogo, os profissionais e os sistemas de saúde estejam mais “alertas para a existência dessa condição”, e que, ao mesmo tempo, “pessoas que sofrem dessas condições possam procurar e receber ajuda apropriada”.

O que é a desordem, ou distúrbio do jogo

O próprio Poznyak reconhece que existem milhões de pessoas em todo o mundo que gostam de jogos de videogame e que tem esta como uma das principais atividades de lazer. Isso, por si só, não configura um distúrbio.

Para que o diagnóstico seja feito, o padrão negativo de comportamento deve durar pelo menos 12 meses: “não pode ser apenas um episódio de poucas horas ou alguns dias”, disse.

De acordo com o psiquiatra, o distúrbio do jogo tem três características principais, que se completam.

A primeira é que a atividade que envolve o videogame ganha preferência entre quaisquer outras atividades sociais ou profissionais, todo o resto fica em segundo plano.

A segunda característica é a falta de capacidade de controle desse comportamento. Mesmo quando consequências negativas acontecem, quando a vida pessoal ou profissional fica prejudicada, o comportamento continua ou aumenta.

A terceira característica é que o videogame leva a um sofrimento significativo e a um prejuízo no funcionamento pessoal, familiar, social, educacional ou ocupacional. “O impacto é real e pode incluir padrões de sono perturbados, problemas de dieta, deficiência na atividade física”, explica o psiquiatra.

Poznyak, no entanto, alerta que exceções podem ser feitas quando os outros critérios são atendidos, mas os sintomas não são graves o suficiente.