No início da noite de sexta-feira (23), o procurador do Tribunal de Justiça Desportiva do Pará (TJD), Daniel Paes Ribeiro, pediu a suspensão dos jogos finais da segunda divisão do Campeonato Paraense, entre Tapajós e São Francisco, e o julgamento da denúncia da Desportiva contra o Paraense – os clubes se enfrentaram nas quartas de final da competição – sobre a possível inscrição irregular de 15 jogadores. A Federação Paraense de Futebol (FPF) acatou a decisão, suspendeu as partidas, e reúne as documentações solicitadas pela procuradoria para aguardar o julgamento. Mas em Santarém, o presidente do Tapajós, Sandeclei Monte, também se mexe para que esta decisão jurídica não atrapalhe a temporada e o planejamento do clube.

Caso a denúncia seja julgada procedente pelo TJD, o Paraense perderia os pontos conquistados nas quartas de final e a Desportiva avançaria às semifinais – que já foram disputadas -, mudando todo o chaveamento da competição. Em tese, nesta situação, o Tapajós teria que entrar em campo mais duas vezes, agora contra a Desportiva, para disputar a semifinal e decidir quem enfrentaria o São Francisco na grande final da Segundinha. Mas a possibilidade de se disputar novas semifinais é descartada pelo mandatário do Boto da Amazônia.

Monte ressaltou que a vaga na final e o acesso à primeira divisão estadual em 2019 foram conquistados de forma limpa pelo Tapajós e que o clube estuda meios para entrar como terceiro interessado no processo. O presidente ainda questionou a demora na análise desta denúncia pela procuradoria, já que ação foi formalizada no dia 9 de novembro, e os custos para a manutenção do elenco e comissão técnica, aguardando o julgamento e a sequência da competição.

– Não existe a possibilidade de fazer outro jogo. O Tapajós conquistou a vaga dentro de campo e nós vamos brigar até a última instância por ela. Causa muita estranheza um processo que tem 15 dias só agora foi analisado. Aí chega a sexta-feira antes do primeiro jogo, já no final da tarde e início da noite, o Tribunal suspende as partidas. É muito estranho. A gente está vendo os meios legais para o Tapajós entrar como terceiro interessado nesta situação. E a pergunta que fica é quem vai arcar com os custos destes atrasos? – destacou Sandeclei Monte.

A expectativa é de que o julgamento da denúncia da Desportiva seja realizado no início da próxima semana, para que a Segundinha não fique paralisada por muito tempo. A primeira final, entre Tapajós e São Francisco, que estava marcada para o domingo (25), foi cancelada devido a esta indefinição.

Entenda o caso

No dia 9 deste mês, a Desportiva denunciou o Paraense no Tribunal de Justiça Desportiva do Pará (TJD-PA), alegando irregularidade na inscrição de jogadores na Segunda Divisão da competição estadual. De acordo com a ação de infração disciplinar, cinco atletas estariam disputando o campeonato sem condições de jogo.

Quinze jogadores teriam sido inscritos no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF entre os dias 8 e 22 de outubro, mas o parágrafo 1º do artigo 5º do regulamento cita que, depois da estreia na Segundinha, apenas 10 novos atletas podem ter inscrições publicadas no BID até o dia 09/11/2018. O primeiro confronto do Paraense aconteceu no dia 8 de outubro, na derrota para o Pinheirense por 2 a 0.

O alegado pela diretoria do Paraense e pela FPF é de que há uma diferença entre os registros do contrato dos atletas na Diretoria de Registro e Transferência (DRT) – e que estes teriam sido feitos antes do primeiro jogo – e a publicação do nome e contrato no BID.

No entanto, o procurador Daniel Paes Ribeiro entendeu que os documentos apresentados pela Federação em relação ao registro na DRT não mostram as datas exatas da inscrição dos jogadores em questão.

No processo 072/18, o procurador solicita, além da suspensão das finais, a apresentação da documentação necessária e a punição do Paraense, com a perda de pontos e mudança do chaveamento – o que será julgado pelo presidente do TJD, Carlos Lobato.

Fonte: Globo Esporte Santarém e Região

Foto: Cacio Murilo Souza