Morre no Rio o quadrinista Carlos Patati, aos 58 anos

Patati foi um militante da arte sequencial no Brasil. Defensor dos artistas e criadores brasileiros, ele tinha como uma de suas principais bandeiras a produção de mais histórias que retratassem personagens e acontecimentos do imaginário nacional. Foi nessa linha um de seus trabalhos mais recentes, “Couro de gato – Uma história do samba” (Veneta), em parceria com o desenhista João Sánchez, sobre o surgimento do samba na capital fluminense.

Nascido Carlos Eugênio Baptista, Patati começou carreira em 1979, escrevendo roteiros para as revistas de suspense e terror “Spektro” e “Pesadelo”, da editora Vecchi. Também teve trabalhos publicados na “Metal Pesado”, “Nervos de Aço” e “Brazilian Heavy Metal”. Foi curador da Bienais de Quadrinhos do Rio de Janeiro, e consultor do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), de Belo Horizonte, e da Rio Comicon.

Escreveu com Flávio Braga o livro “Almanaque dos quadrinhos – 100 anos de uma mídia popular” (Ediouro), ganhador do prêmio de melhor livro de não-ficção para jovens da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. E colaborou no livro “1001 Comics you must read before you die” (Cassell Illustrated), de 2011, organizado pelo americano Paul Gravett, que lista destaques na área de várias partes do mundo. Também foi professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia.

Nas redes sociais, amigos e parceiros de trabalho lamentaram a morte de Patati. O artista britânico David Lloyd, que desenhou “V de Vingança”, disse: “Acabei de saber que meu grande amigo brasileiro, Carlos Patati, faleceu, e quero dizer adeus a ele aqui como se tivesse tido a chance de finalmente chegar a uma das mesas que compartilhamos com uma bebida nos bons tempos passados, embora ele nunca pudesse beber muito porque estava doente desde o tempo em que o conheci em Belo Horizonte.”

O quadrinista brasileiro André Diniz, autor de uma recente adaptação de “O idiota”, também lamentou a partida de Patati: “Triste notícia, daquelas que deixam a gente sem palavras. Beijão pra você, Carlos Patati. Brigadão por tudo. Meus sentimentos à família”. Autor de “Cumbe”, que concorre ao Eisner este ano, Marcelo D’Salete escreveu que Patati era um “grande mestre dos quadrinhos. Cada conversa uma aprendizagem e troca riquíssimas”.

Marcello Quintanilha, ganhador do Eisner com “Tungstênio”, escreveu: “Acaba de chegar a notícia do falecimento do nosso querido Patati. Uma perda sentida por qualquer um que tenha tido a felicidade de compartilhar momentos com ele, nos quais nos inundava com sua infinita paixão pelos quadrinhos… As palavras nunca são suficientes… Adeus, amigo”