Waltinho cita exemplo da Chape e opina sobre futebol santareno: “recomeçamos o tempo todo”
O técnico Walter Lima já viveu grandes momentos à frente de equipes santarenas – foi campeão do segundo turno e vice do Campeonato Paraense por São Raimundo e São Francisco -, mas também já teve que assumir os times em momentos de dificuldade – caiu com o Leão em 2017 e agora assume o Tapajós com a missão de escapar do rebaixamento.
E o que faz com que as equipes locais – que atualmente têm as três piores campanhas do Parazão 2019 – vivam essa “gangorra” e não consigam manter uma regularidade, brigando pela parte de cima da tabela e figurando em competições nacionais? Para o novo técnico do Boto da Amazônia, a falta de planejamento e a remontagem dos elencos ano após ano fazem com que as chances de uma boa campanha diminuam.
– Recomeçamos o todo tempo. No futebol, recomeçar é um grande pecado. As grandes equipes sempre dão continuidade, só fazem o encaixe de novas peças, e aqui temos sempre que recomeçar porque não ganhamos calendário e demoramos muito para começar um novo processo de trabalho – opinou.
Waltinho citou o exemplo da Chapecoense, equipe catarinense que subiu da Série D para a C em 2009, junto com o São Raimundo, e depois acumulou uma sequência de acessos, sem nunca mais ter caído da Série A. Em 2016, a Chape ainda protagonizou um dos maiores tragédias da história do futebol, na qual o avião que levava a delegação até a Colômbia, para a disputa da final da Copa Sul-Americana, caiu, vitimando membros da diretoria, comissão técnica, jornalista e a maior parte dos jogadores.
Apesar disso, a Chape conseguiu reformular praticamente todo o seu elenco e se manter na elite do futebol brasileiro. Do outro lado, o Pantera foi rebaixado no ano seguinte ao título da Série D, ficou sem série nacional, caiu também no Campeonato Paraense e só conseguiu retornar à primeira divisão estadual em 2016 – a partir de 2017, voltou também à competições nacionais.
Qual a diferença entre os caminhos dos dois clubes? Para Walter Lima, o planejamento mantido pela Chape apesar de todas as dificuldades é o grande motivo do sucesso dos catarinenses, algo que não é imitado pelos clubes de Santarém.
-A Chapecoense jogou com o São Raimundo em 2009 e em três anos galgou a Série A. E o São Raimundo, depois que foi campeão, caiu, ficou sem série e ainda foi rebaixado à Segundinha estadual. Por quê? Quais os detalhes que diferenciaram? Estrutura, organização, investimento. Depois, o avião da Chapecoense cai e morre todo mundo. Muitos clubes quiseram emprestar jogadores, empresários ofereciam atletas, mas eles resgataram o programa de planejamento das contratações e uma lista de quem não contratar. E o elenco que foi formado foi de jogadores que estavam no scout com possibilidade de contratação. Isso é planejamento. Aí você faz tudo de forma aleatória, e ocorre o que está ocorrendo aqui.
– Não é só ter a bola dentro de campo, ter 11 jogadores, 20 ou 30. Grandes clubes, com muito poder de investimento, contratam quatro, cinco atletas de um ano para outro. Não porque não têm dinheiro para contratar mais, mas porque não acham os jogadores com qualidade. Aqui temos que contratar 30 e ainda colocar o time para jogar.
Vestindo agora as cores do Boto, Walter Lima tem o objetivo de afastar a equipe da última colocação do grupo A2 e afastar o “fantasma” do rebaixamento – o Boto é o quarto colocado, com cinco pontos, quatro a mais que o lanterna, São Raimundo.
Ele terá cerca de uma semana para conhecer a equipe e preparar o Tapajós para enfrentar o Remo, pela sétima rodada do Parazão, em jogo marcado para o dia 7 de março, às 20h, em Santarém.
Fonte: Globo Esporte Santarém