Bolsonaro diz que não poderá continuar pagando auxílio emergencial por muito tempo: ‘economia tem que funcionar’

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro afirmou na manhã desta quarta-feira, em conversa com simpatizantes na saída do Palácio da Alvorada, que o governo federal não poderá continuar pagando o auxílio emergencial por muito tempo porque “a economia tem que funcionar”, e o benefício custa R$ 50 bilhões por mês aos cofres públicos. Ele também criticou “alguns governadores”, sem citar o nome de ninguém, por manterem “tudo fechado” para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.

A declaração ocorreu depois que um apoiador agradeceu o presidente pelo auxílio emergencial de R$ 600, ao qual atribuiu o fato de não ter faltado comida na sua casa.

— Começou a pagar a quarta parcela e tem a quinta. Não dá para continuar muito, porque por mês custa R$ 50 bilhões. A economia tem que funcionar. E alguns governadores, alguns governadores teimam ainda em manter tudo fechado — comentou o presidente.

Integrantes do governo já cogitam a necessidade de ampliar o auxílio emergencial até dezembro deste ano, diante das incertezas em relação à duração dos efeitos da pandemia sobre a economia. No entanto, segundo auxiliares do ministro da Economia, Paulo Guedes, o valor das parcelas adicionais teria de ser inferior aos atuais R$ 600, diante da falta de recursos no Orçamento.

No domingo, Bolsonaro se queixou de propostas para tornar o benefício permanente por causa do alto custo, que estimou em R$ 50 bilhões mensais para a União. O auxílio é pago a trabalhadores informais e microempreendedores individuais (MEIs) que perderam renda com a pandemia, além de beneficiários do Bolsa Família.

Uma das ideias em avaliação no governo seria pagar mais quatro parcelas extras a essas pessoas no valor de R$ 200. Este é o valor médio do Bolsa Família. Contudo, para reduzir o valor do auxílio será preciso aprovar a mudança no Congresso Nacional. O Executivo pode prorrogar por conta própria apenas se o valor de R$ 600 mensais for mantido.

Na saída do Alvorada, o presidente também foi questionado sobre a prorrogação da linha de crédito para financiar pagamento de salários de pequenas e médias empresas — com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 10 milhões —, criada na Medida Provisória (MP) 944, mas disse não saber e redirecionou a pergunta ao ministro da Economia.

— Não sei dizer. Tem que ver com o Paulo Guedes aí. Nós já gastamos, o Brasil, eu não, já gastou R$ 700 bilhões com a Covid aí — comentou Bolsonaro.

Fonte: O Globo